quarta-feira, 1 de abril de 2015

O segundo filho e o ciúme do primogênito. Veja o que dizem os especialistas e aprenda a lidar com está situação.

A chegada do irmãozinho provoca grande mudança na vida de uma criança. Obrigado a dividir o afeto dos pais, o primogênito tem de a lidar com sentimentos contraditórios, comportamento agressivo, regressão nas frases de desenvolvimento - como voltar a fazer xixi na cama - e e até mesmo ignorar o novo membro da família são algumas formas que a criança encontra para demonstrar ansiedade e frustração, principalmente quando ela ainda não tem repertório verbal para expressar suas emoções.

Algumas atitudes dos pais, familiares e professores podem ajudar a criança a se adaptar à nova vida. O pediatra José Paulo Vasconcellos Ferreira, do departamento de pediatria do comportamento e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a psicóloga Patrícia Bader, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo, dão oito dicas de como os pais podem suavizar essa fase de transição do filho mais velho:

Dê a notícia logo - e sem culpa
Na intenção de POUPAR o filho dos sentimentos conflituosos que estão por vir, muitos pais decidem adiar a notícia até que não seja mais possível escondê-la. Um erro, segundo os especialistas, que costuma ser motivado por um sentimento de culpa que não deveria existir - afinal, a decisão não prejudica o filho. "Mesmo que ela ainda não entenda o que está acontecendo, percebe algo diferente, como o fato de que todos começam a tocar a barriga da mãe, por exemplo. E isso aumenta a ansiedade da criança", explica José Paulo Vasconcellos. da SBP. Portanto, conte ao filho antes de divulgar a notícia aos parentes. E, principalmente, conte sem transmitir culpa e com muita naturalidade, o que não implica na explicação detalhada de como nascem os bebês, claro. Responda de forma clara apenas o que a criança perguntar.
Não obrigue o filho a colaborar
Uma das formas que as crianças têm de expressar seu desconforto com uma situação, em especial quando ainda não há maturidade para fazê-lo verbalmente, é ignorá-la - e, convenhamos, quem nunca quis fingir que um problema não existe? Segundo os especialistas, a atitude ajuda a criança a suportar a frustração, por isso deve ser respeitada. Portanto, é saudável convidar a criança para escolher decoração do quarto, roupinhas, brinquedos, mas se ela se recusar a participar, os pais não devem insistir. O mesmo vale para o período após o nascimento: qualquer contribuição deve ser voluntária, nunca para forçar uma aproximação.
Informe sobre a chegada do irmãozinho à escola
Professores e outros profissionais que integram a rotina da criança podem ajudá-la a entender e aceitar a nova situação. A colaboração dos professores é fundamental para os pequenos: além de observar se a mudança na família afeta o desempenho escolar e a relação com os outros alunos, eles podem estimular conversas com colegas que já possuem irmãos o que ajuda a minimizar os 'fantasmas' que rondam a fantasia da criança.
Relembre o tempo em que o primogênito era bebê
Reveja com o filho as fotos antigas e conte histórias que o ajude a se colocar no lugar do irmão que está para chegar. "Esses momentos proporcionam uma sensação de alívio para a criança, que percebe que ela também já recebeu toda aquela atenção", diz a psicóloga Patrícia Bader.
Não compense com presentes ou mimo a atenção dividida
Para promover a aproximação entre os irmãos desde o primeiro encontro, os pais podem recorrer a um artifício simples: na visita inaugural na maternidade, o primogênito ganha um 'presente' do mais novo membro da família. Por outro lado, o gesto não pode, jamais, representar uma compensação dos pais pela culpa de dividr a atenção que antes pertencia exclusivamente ao filho mais velho. "A criança precisa aprender a lidar com emoções como ansiedade e frustração, sem prêmios para compensar esses sentimentos", diz o pediatra José Paulo Vasconcelos, da SBP. Outro erro é deixar a culpa ditar as regras quando a fome do mais velho bate, não por coincidência, nos momentos em que a mãe amamenta o bebê. "Não há problema nenhum em terminar de amamentar antes de atender o mais velho. A criança tem de aprender a esperar sua vez", diz Patrícia Bader, psicóloga do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
Mantenha a rotina do primogênito
Para os pequenos com até cinco anos de idade, mudanças na rotina em pleno turbilhão de sentimentos contraditórios, normais durante a fase adaptação à nova estrutura familiar, não são bem-vindas. Evite troca de escola, retirada de chupeta ou mamadeira ou substituição do berço pela cama nos primeiros meses após o nascimento do bebê. O mesmo vale para as brincadeiras dentro de casa: "bebês dormem com luz e barulho, sem frescura. A presença do recém-nascido não deve afetar a rotina da criança acostumada a brincar dentro de casa", diz o pediatra Vasconcellos.
Saiba aceitar a regressão
A regressão é um comportamento comum após o nascimento do primeiro irmão. O passo atrás no desenvolvimento - voltar a tomar mamadeira ou a fazer xixi na cama, por exemplo - é vista como um retorno ao tempo em que ela ainda era o centro das atenções. Não repreenda com comentários como 'que coisa feia!'. "Neste momento em que a criança começa a disputar o afeto dos pais, a crítica negativa diminui ainda mais sua autoestima", explica a psicóloga Patricia Bader. Se ela pedir a mamadeira, sugira comprar um copo novo. Se fizer xixi na cama, peça ajuda para trocar os lençois, sem culpá-la pelo 'acidente'.
E encare a realidade: o ciúme não tem idade
A boa notícia é que a fase aguda do ciúme não costuma durar mais de dois meses. A má notícia é que, mesmo depois que os filhos se casam, eles ainda disputam a atenção dos pais e a discussão sobre quem é o filho preferido não tem fim.


Fonte( http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/segundo-filho-como-atenuar-o-ciume-do-primogenito)




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