A convulsão febril é um tipo de convulsão generalizada (que acontece com sintomas de perda da consciência da criança, abalos generalizados nos braços e pernas, virada dos olhos para cima e dificuldade de respiração) que costuma durar poucos minutos, sempre em crianças pequenas (de meses a alguns anos de vida), associadas a elevação rápida da temperatura corpórea (febre) devido a alguma infecção, como resposta do cérebro desta criança à condição e à velocidade de elevação da febre.
Mesmo falando e orientando pais e familiares sobre a benignidade da crise de convulsão febril, que dura pouco tempo, que não é algo muito grave… Mesmo assim, durante o ataque, os sintomas apresentados pela criança podem ser desesperadores para quem os presencia.
As crises convulsivas febris podem ser simples, quando duram de segundos até 10-15 minutos, e não voltam em um período de 24 horas ou menos. Neste tipo de crise, os abalos costumam ocorrer nos dois lados do corpo e de forma generalizada. As crises que duram mais de 15 minutos, onde os abalos ocorrem em um lado do corpo da criança apenas ou recorrem (voltar a acontecer) em menos de 24 horas da primeira, chamamos de convulsão febril complexa, e podem indicar uma evolução mais séria. Entre os fatores de risco para ocorrer a convulsão febril, o maior deles é, sem dúvida, a idade menor: estas convulsões ocorrem sobretudo em crianças de 6 meses até 3-4 anos. Raramente antes ou após esta faixa de idade. Se houver histórico de familiares com o mesmo problema, o alerta também deve ser dado.
O que fazer durante a convulsão?
A primeira coisa é manter a calma, deitar a criança e apoiar sua cabeça numa superfície macia, virando a cabeça para o lado, para que a saliva ou alguma secreção saia pela boca naturalmente durante o ataque, e não obstrua a sua respiração. Se puder, peça a alguém ou você mesmo conte o tempo que durará a crise. Este é uma importante informação para o médico. E você poderá ficar tão preocupado e desesperado, que nem terá muita noção disso após o acontecido! O tempo de duração da crise é um dos indicadores de maior ou menor gravidade de cada caso.
contar tempo de crise
A duração de uma convulsão febril típica é de alguns minutos. Depois disso, a criança costuma ficar sonolenta e acorda aos poucos. Não recomenda-se colocar os dedos dentro da boca da criança para puxar sua língua, pois esta ação pode levar a lesão dos dedos de quem tentou apenas ajudar.
medir temperatura
É muito importante a mãe, pai ou familiar documentar se houve febre e o seu nível (medir a temperatura com uso do termômetro, no momento do ocorrido), pois a convulsão febril deve ser diferenciada de uma convulsão sem febre. Esta dúvida não deve existir.
Muito importante: nada de tentar baixar a febre no momento da crise! Tentar dar remédio para febre pela boca da criança durante o ataque pode piorar a situação, causar engasgo ou aspiração, elvando até a pneumonias.
Depois do término da crise, orienta-se ligar para o pediatra, para avisar do ocorrido, em casos de primeira convulsão febril ou quando não se conhece a causa da febre, a ida até o hospital, para um exame médico-pediátrico detalhado, a fim de verificar o que causou a febre (local da infecção), e tratar este foco o quanto antes, se possível.
É preciso fazer uma tomografia ou ressonância magnética do crânio em caso de convulsão febril?
Esta pergunta é muito, muito importante. Sabe-se que, se for convulsão febril, muito, muito raramente haverá a necessidade de exame de tomografia ou ressonância. Inclusive, a prática de pedidos indiscriminados (excessivos) de tomografias do crânio para casos de convulsão febril já foi bastante estudada, e acreditem: crianças com convulsões febris ou traumas de crânio submetidas a tomografias de crânio sem esta necessidade apresentaram, na evolução e reavaliação destas pesquisas, maior incidência de tumores cerebrais e outros tipos de câncer, por causa da sua maior exposição aos raios-X presentes nestes exames.
Portanto, um recado aos pais e familiares da criança com convulsões febris: na grande maioria das vezes (exemplos raros de exceção: meningites com coleções ou abscessos cerebrais), NÃO HÁ A NECESSIDADE DE TOMOGRAFIA OU EXAME DE RESSONÂNCIA NA AVALIAÇÃO DE CONVULSÕES FEBRIS.
Então, quais exames serão os importantes?
O primeiro e mais importante é a documentação da febre com termômetro ainda em casa, seguida pelo bom exame clínico do pediatra, para ver o local do foco da febre (ouvido? garganta? abdominal? outro?), assim direcionando o seu tratamento. Outro exame importante, e que na maioria das vezes vem com resultados normais, é o eletroencefalograma (EEG), feito geralmente depois da fase aguda, em ambulatório. Além destes, exames de sangue, de urina (para detectar infecções urinárias) ou exame de liquor (para examinar se há meningites) podem ser necessários.
O que pode acontecer com uma criança com convulsões febris?
Na maioria das vezes, NADA!!!! Apesar do que se aparenta, este tipo de crise é muito benigno, e a maioria absoluta dos pacientes acometidos não terá nenhuma lesão cerebral, retardo de desenvolvimento, inteligência ou dificuldades de aprendizado. Também é importante dizer: não significa que a criança que tem crises convulsivas febris terá epilepsia. Esta chance é de cerca de 1% (muito pequena).
A maior preocupação dos pais e dos pediatras é se as crises convulsivas febris voltarem mais e mais vezes. Esta recorrência de crises pode acontecer, e é um dos focos do seu tratamento.
Se houver histórico de familiar próximo com convulsões febris, as convulsões vierem com níveis mais baixos de febre ou em idades menores (menores de 15 meses de vida), se a criança tem tendência a ter febre frequentemente ou com níveis mais altos, ou o período entre o começo da febre e a crise convulsiva for mais curto, a chance de novas crises são maiores.
Medicamentos
Os antiepilépticos convencionais, como ácido valpróico, carbamazepina, oxcarbazepina ou fenobarbital, são os mais usados como preventivos, em casos selecionados.
Na ocorrência do início da febre, em crianças que já tiveram convulsões febris, é importante tratar prontamente a elevação da temperatura com antitérmicos usuais (paracetamol, dipirona ou ibuprofeno).
O uso de diazepan via retal, clonazepan sublingual ou lorazepan oral, como medicamentos anti-convulsões, usados para abortar possíveis ataques, quando há febre documentada em crianças mais sensíveis à recorrência das convulsões febris, podem ser prescritos pelo pediatra e/ou neuropediatra.
Fonte de referência: iNeuro.com.br.
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Convulsão febril em crianças. Como Agir?
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